Para advogado da petista, busca não tinha urgência e foi feita sem
presença da defesa; advogado de Temer diz que apuração deve ser feita em ação
diferente.
Por
G1, Brasília
PF faz
operações em gráficas da campanha de Dilma e Temer em 2014
Foto: Internet
Os advogados da
ex-presidente Dilma Rousseff e do presidente Michel Temer criticaram as buscas
realizadas pela Polícia Federal nesta terça-feira (27)
dentro da ação que visa cassar a chapa eleita em 2014. O objetivo da diligência
foi verificar se gráficas e empresas subcontratadas na campanha tinham
capacidade de prestar os serviços declarados na prestação de contas.
Em nota, o
advogado de Dilma, Flávio Caetano, afirmou ver com "indignação" e
"perplexidade" a forma como foi cumprida a ordem do ministro Herman
Benjamin, relator do processo no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e
responsável pelo caso.
A defesa da
petista questiona a realização da busca durante o recesso do Judiciário,
"sem qualquer fundamento de urgência", com tomada de depoimentos
"sem o indispensável acompanhamento pelo advogados das partes" e
realização perícias também sem acompanhamento por assistentes.
Na nota,
Caetano alega que todas as empresas contratadas na campanha "atenderam aos
requisitos legais de regularidade jurídica e de capacidade operacional, com a
integral prestação dos serviços contratados, respeitados os critérios de preço
de mercado, qualidade e quantidade do produto, e prazo de entrega".
Ao G1,
o advogado de Temer no caso, Gustavo Guedes, alegou que a investigação sobre as
gráficas contratadas deveria ser feita numa ação diferente, que buscasse
encontrar os responsáveis diretos pelos gastos de campanha. Ele sustenta que o
presidente e o PMDB não tiveram participação na ordenação das despesas na
disputa de 2014.
"Para mim,
essa situação extrapola o âmbito eleitoral. Se se constatar irregularidade, com
pagamento a maior do serviço, com objetivo de enriquecer ilicitamente ou para
lavagem de dinheiro, isso é matéria penal, escapa ao processo eleitoral.
Deveria ensejar ações penais correspondentes", afirmou o advogado.
Durante um
evento no Nordeste, ao ser questionado pela imprensa se via com preocupação a
operação, Temer negou e afirmou se tratar de algo “natural” e que “faz parte da
investigação”.
“Faz parte da
investigação. Isso é natural, não há nenhuma irregularidade nisso. A
investigação segue adiante com depoimentos, perícias, enfim, fatos como este
que visam exatamente a instruir o processo que está no Tribunal Superior.
Nenhuma preocupação”, disse.
A busca
realizada pela PF se baseia em relatório de
peritos do TSE que viram indícios de desvio e fraude nos gastos da campanha.
Em laudo anexado à ação de cassação no último dia 15, eles apontaram suspeitas
de que recursos pagos teriam sido “desviados e direcionados ao enriquecimento
sem causa de pessoas físicas e jurídicas diversas para benefício próprio”.
A ação de
cassação, protocolada pelo PSDB após a eleição de 2014, aponta abuso de poder
político e econômico na disputa. A principal acusação é de que a campanha foi
abastecida com dinheiro de propina desviado da Petrobras, suspeita também
negada pelas defesas de Dilma e Temer.
Na nota
divulgada pela defesa de Dilma, Caetano também diz que uma das empresas alvo da
busca também prestou serviços para a campanha presidencial do senador Aécio
Neves (PSDB-MG) em 2014, derrotado na disputa.
Acrescenta que,
no caso de Dilma, a defesa juntou "mais de 8.000 documentos" que
provariam a regularidade dos serviços, mas que ainda não foram analisados pelo
TSE.
"A defesa
de Dilma Rousseff renova seu pleno respeito aos princípios de Estado
Democrático de Direito e confia que a Justiça Eleitoral, novamente, reconhecerá
a absoluta regularidade das despesas contratadas pela chapa Dilma-Temer",
diz o texto.
Leia abaixo a íntegra da nota divulgada pela defesa
de Dilma:
Nota à
Imprensa
Em
relação à decisão do Ministro Herman Benjamin sobre as empresas periciadas, a
defesa de Dilma Rousseff manifesta-se nos seguintes termos:
1. Todas
as empresas contratadas pela chapa Dilma-Temer, atenderam aos requisitos legais
de regularidade jurídica e de capacidade operacional, com a integral prestação
dos serviços contratados, respeitados os critérios de preço de mercado,
qualidade e quantidade do produto, e prazo de entrega.
2. As
três gráficas periciadas prestaram serviços em campanhas eleitorais anteriores
e a partidos políticos diversos como, por exemplo, a gráfica VTPB que prestou
serviços as campanhas de Aécio Neves e José Serra nas eleições de 2014. A
defesa de Dilma Rousseff juntou aos autos mais de 8.000 documentos em 37
volumes, que ainda não foram devidamente analisados pelos peritos judiciais e
que comprovam cabalmente a regularidade dos serviços prestados.
3. Causa
perplexidade que, decorridos quase dois anos de intensa investigação pelo TSE,
seja proferida decisão judicial, a ser cumprida no período de recesso do Poder
Judiciário e sem qualquer fundamento de urgência.
4. Da
mesma forma, gera indignação que tal decisão permita que sejam colhidos
depoimentos pelo juiz auxiliar sem o indispensável acompanhamento pelo
advogados das partes, e que também seja produzida prova pericial sem o
acompanhamento pelos respectivos assistentes técnicos.
5. Assim
como a atuação da defesa de Dilma Rousseff foi fundamental para demonstrar o
falso testemunho à Justiça Eleitoral praticado pelo Sr. Otavio Azevedo, deve-se
assegurar o respeito ao contraditório e ampla defesa para que, uma vez mais,
seja demonstrada a regularidade das despesas realizadas pela chapa Dilma-Temer
em relação às empresas periciadas.
A defesa
de Dilma Rousseff renova seu pleno respeito aos princípios de Estado
Democrático de Direito e confia que a Justiça Eleitoral, novamente, reconhecerá
a absoluta regularidade das despesas contratadas pela chapa Dilma-Temer.
Flavio
Caetano
Advogado de Dilma Rousseff
Advogado de Dilma Rousseff
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